RESEARCH
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O Planetário do Porto - Centro Ciência Viva no ensino e na divulgação das ciências

I. A. Costa, D. F. M. Folha, F. A. L. Pires, M. J. P. F. G. Monteiro

Abstract
Habitualmente, em muitos meios académicos e inclusive de instituições que promovem a comunicação científica, o conceito de divulgação científica é, intencionalmente, utilizado de forma a afastar esta última prática, do trabalho de comunicação científica. Nesse sentido, autores como Kunth (1992), Crato (2006), Bueno (2010) e Fernandes (2011) reservam para a divulgação científica todo o exercício de diálogo entre peritos (ou seus mediadores constituídos) e público leigo. Para estes autores, o conceito de comunicação científica emerge como uma componente de disseminação ou difusão de “conteúdos” entre pares especialistas (disciplinares ou interdisciplinares). Contudo, esta distinção clara entre os conceitos de comunicação e divulgação científicas é, para alguns autores, artificial. Por exemplo, Lewenstein (2003), Burns, O’Connor e Stocklmayer (2003) consideram que a divulgação científica está inclusa no conceito genérico de comunicação científica. Menos discutível é a distinção dos conceitos de divulgação e de ensino das ciências. Se a divulgação pode escolher os temas com que quer despertar o público, mesmo que eles sejam pontuais e dispersos, tal não é opção quando falamos de ensino. Se para a divulgação basta o despertar pelo gosto da ciência (mesmo que pontual e estanque), em torno de um tema, para o ensino o objetivo é a apreciação positiva sobre todo um programa (com a diversidade dos temas que ele inclui) e, mais importante, a mobilização dessas capacidades e conhecimentos (Costa, Monteiro & Costa, 2010). Sendo o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva (PP-CCV), um centro da Rede de Centros Ciência Viva (CV, 2018) e em linha com a nomenclatura usada pela própria Agência Ciência Viva (Ciência Viva, 2017), esta distinção tripartida entre ensino, divulgação e comunicação de ciência, reflete-se na programação disponibilizada ao público. Assim, existe um programa assumido como educativo e um programa assumido como de divulgação científica. É, pois, objetivo da presente comunicação, apresentar o início de uma investigação que analisa a componente educativa do PP-CCV. Em setembro de 2017 o PP-CCV estreou um novo programa educativo baseado na resolução de problemas por via da interdisciplinaridade entre as áreas curriculares das Ciências da Terra e da Vida, das Ciências Físico-Químicas e da Matemática. Tal programa partiu da articulação entre as aprendizagens essenciais, metas/orientações programáticas/curriculares destas disciplinas da escolaridade obrigatória de Portugal. Por outro lado, encetou-se um novo processo de acompanhamento dos visitantes que se inicia num momento anterior ao da marcação da própria visita. Dados preliminares da investigação revelam que programa educativo delineado, bem como o novo processo de acompanhamento aos visitantes, potenciam o planetário como estratégia de aprendizagem não formal. Assim, em comparação com o ano letivo anterior, o primeiro ano de implementação do novo programa educativo revela um aumento de mais de 3000 visitantes. Feita a avaliação da visita, pelo professor acompanhante, os resultados revelam que 98,57% considera que a mesma foi útil para os seus alunos e 98,59% que foi pedagogicamente relevante. O presente trabalho concretiza, pois, como estratégias interdisciplinares de aprendizagem não formais são, não só viáveis, mas também facilitadoras dos processos da educação formal em “escolas reais”, com “atores reais”.

Keywords
ensino das ciências, divulgação científica, comunicação científica, planetário

Notes
ISBN: 978-989-54102-0-6

Livro de Atas do International Conference on Childhood and Adolescence (ICCA 2019)

EventQualia
2019 January

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Universidade do Porto Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
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