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Portugal envolvido na construção de instrumentos para o maior telescópio do mundo
2016 março 23

Imagem artística de uma vista aérea do E-ELT, no topo do Cerro Armazones (Chile). Crédito: ESO/L. CalçadaNuno Cardoso Santos.José Afonso. Crédito: Susana Neves

Investigadores e engenheiros dos consórcios MOSAIC1 e HIRES2, nos quais está inserido o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA3), já começaram a definir as especificações dos espectrógrafos MOS e HIRES, destinados ao E-ELT4 do ESO.

O HIRES (High Resolution Spectrograph, ou espectrógrafo de alta resolução) é um instrumento que irá observar, com grande precisão, objetos individuais no visível e no infravermelho. Permitirá, procurar indícios de vida através da análise da atmosfera de exoplanetas, estudar a evolução de galáxias e identificar a primeira geração de estrelas que se formaram no Universo primitivo, ou determinar se as constantes do Universo variam ao longo do tempo.

Para Nuno Cardoso Santos (IA e Universidade do Porto): "A participação do IA no HIRES, com uma clara liderança científica e técnica em vários aspetos, encaixa perfeitamente na estratégia de longo prazo definida pela instituição nas suas várias linhas de intervenção. Além disso, coroa a capacidade única já demonstrada em projetos anteriores, como o ESPRESSO5 e o MOONS6 para o VLT, ou a missão CHEOPS7 para a Agência Espacial Europeia (ESA)".

Através de rastreios de alta precisão de vastas áreas do céu, no visível e no infravermelho, o espectrógrafo MOS (Multi-Object Spectrograph, ou espectrógrafo multi-objetos) permitirá a investigação da formação das primeiras galáxias e como estas se juntaram em estruturas maiores, como a Via Láctea. O estudo da distribuição da matéria normal e da matéria escura no Universo, ou como os exoplanetas se formam e evoluem, serão outros objetivos do MOS.

José Afonso (IA e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), membro do comité de supervisão para o MOSAIC, comenta: “A estratégia de desenvolvimento do IA garante que a Astrofísica nacional continuará a liderar internacionalmente por muitos anos. A capacidade científica e tecnológica adquirida nos últimos anos foi fundamental para o papel assumido nestes projetos emblemáticos para o maior telescópio da próxima década”.

Os contratos para os estudos de design e conceção destes instrumentos foram assinados nos dias 18 (MOS) e 22 (HIRES) de março de 2016.

Mais informações disponíveis no Anúncio do ESO.

Notas
  1. O Consórcio MOSAIC é formado pelos seguintes institutos, de 11 países:
    Alemanha - Leibniz Institute for Astrophysics Potsdam and Goettingen University; Áustria - Vienna University; Brasil - IAG, São Paulo; Laboratório Nacional de Astrofísica, Itajuba; Espanha - Complutense University of Madrid e Instituto de Astrofísica de Andalucia; Finlândia - Universidades de Helsinki, Turku e Oulu; França - GEPI e LESIA (Observatoire de Paris); Laboratoire d’Astrophysique de Marseille; IRAP, Toulouse, ONERA; Itália - INAF-Osservatorio Astronomico di Roma; Países Baixos - Amsterdam University; NOVA, Leiden Observatory, Universiteit Leiden; Portugal - Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Universidade de Lisboa e Universidade do Porto; CENTRA; Reino Unido - UK Astronomy Technology Centre, STFC; RALSpace, STFC; The University of Oxford; Durham University; Suécia - Universidades de Estocolmo, Lund e Uppsala.
  2. O Consórcio HIRES é formado pelos seguintes institutos, de 12 países:
    Alemanha - Leibniz Institute for Astrophysics, Potsdam; Institut für Astrophysik, Universität Göttingen; Zentrum für Astronomie Heidelberg, Landessternwarte; Thüringer Landesternwarte Tautenburg; Hamburger Sternwarte, Universität Hamburg; Brasil - Board of Observational Astronomy, Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Mauá Institute of Technology; Chile - Pontificia Universidad Catolica de Chile, Centre of Astro Engineering; Universidad de Chile, Department of Astronomy; Universidad de Concepcion, Center of Astronomical Instrumentation; Universidad de Antofagasta; Dinamarca - Niels Bohr Institute at the University of Copenhagen; Institute of Physics and Astronomy at the University of Aarhus; Espanha - Instituto de Astrofísica de Canarias; Instituto de Astrofísica de Andalucía-CSIC; Centro de Astrobiología; França - Laboratoire d’Astrophysique de Marseille; Institut de Planétologie et d’Astrophysique de Grenoble; Laboratoire Lagrange de l’Observatoire de la Côte d’Azur; Itália - Istituto Nazionale di AstroFisica (Instituto lider); Polónia - Nicolaus Copernicus University in Torun, Faculty of Physics, Astronomy and Informatics; Portugal - Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Universidade do Porto e Universidade de Lisboa; Reino Unido - Cavendish Laboratory University of Cambridge; Institute of Astronomy University of Cambridge; UK Astronomy Technology Centre; Centre for Advanced Instrumentation - Durham University; Institute of Photonics and Quantum Sciences (School of Engineering and Physical Sciences, Heriot-Watt University); Suécia - Department of Physics and Astronomy, Uppsala University; Suíça - Université de Genève, Département d’Astronomie (Observatoire de Genève); Universität Bern, Physikalisches Institut.
  3. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF).
  4. O E-ELT (European Extremely Large Telescope ou telescópio europeu extremamente grande), terá um espelho composto por 798 hexágonos de 1,45 metros cada, com estrutura em favo de mel, que em conjunto somarão 39,3 metros de diâmetro. Prevê-se que o E-ELT tenha precisão suficiente para, por exemplo, analisar as atmosferas de exoplanetas ou medir em tempo real a aceleração da expansão do Universo.
    Portugal, como membro de pleno direito do ESO, é um dos parceiros deste projeto, contribuindo com 5,1 milhões de euros até 2023, cerca de 0,5% do custo total do telescópio.
  5. O ESPRESSO (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) será um espectrógrafo de alta resolução, a ser instalado no observatório VLT (ESO). Tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida. Para tal, será capaz de detetar variações de velocidade de cerca de 0,3 km/h. Tem ainda por objetivo testar a estabilidade das constantes fundamentais do Universo. O Consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como membros do Observatório Europeu do Sul. Os parceiros portugueses são o IA (que lidera a participação portuguesa) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
  6. O MOONS (Multi-Object Optical and Near-infrared Spectrograph, ou espectrógrafo multi-objetos no ótico e infravermelho próximo), é um espectrógrafo que será instalado num dos telescópios do VLT. Durante o seu tempo de vida (10 anos), irá observar cerca de 10 milhões de galáxias, para o estudo da formação e evolução destes sistemas ao longo da história do Universo. Permitirá ainda sondar a estrutura da Via Láctea, observando estrelas até uma distância de 40 mil anos-luz, incluindo regiões obscurecidas por poeira, para a construção de um mapa tridimensional da nossa galáxia.
  7. O CHEOPS (CHaracterising ExOPlanets Satellite, ou Satélite de Caracterização de Exoplanetas) será um telescópio espacial que irá procurar e estudar planetas noutros sistemas solares. Está a ser construído numa colaboração entre o Programa Científico da Agência Espacial Europeia (ESA) e um consórcio de países, liderado pela Suíça, e no qual o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e a empresa Deimos Engenharia estão fortemente envolvidos. A data prevista para o lançamento é de meados de 2018.
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