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Sismologia do Sol e das estrelas distantes discutida nos Açores
2016 julho 11

Imagem artística da propagação de ondas no interior de uma estrela. Crédito: G. Perez, IAC/SMMPoster da palestra pública

A partir de hoje, e durante 5 dias, Angra do Heroísmo (Terceira, Açores) recebe os maiores especialistas mundiais na área da asterossismologia1, durante a conferência Seismology of the Sun and the Distant Stars 2016. A conferência será seguida, no dia 17 de julho, pela escola internacional avançada em ciências do espaço Asteroseismology and Exoplanets: Listening to the Stars and Searching for New Worlds, na cidade da Horta (Faial, Açores), ambas organizadas pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA2).

Esta conferência, que reunirá quase 200 investigadores de todo mundo, tem como objetivo discutir avanços recentes no estudo sísmico do Sol e de outras estrelas”, comentou Margarida Cunha (IA e Universidade do Porto), da comissão organizadora. Cunha acrescentou ainda: “A comunidade científica tem assistido a uma autêntica revolução no conhecimento da física e da dinâmica do interior das estrelas, graças a observações feitas a partir do espaço com satélites como o Kepler, da NASA”.

Para o público, a conferência inclui a palestra “Portugal e o Espaço – A aventura científica na ESA”, que se realizará no dia 12 às 21h, no Auditório do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. Esta palestra será apresentada por Mário João Monteiro, delegado de Portugal no Science Programme Committee da Agência Espacial Europeia (ESA).

Este evento junta num só os workshops TASC23, KASC94, e as conferências SPACEINN5 & HELAS86.

Para Mário Monteiro (IA e Dep. de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto), que pertence às comissões científicas da conferência e da escola avançada: “Esta conferência internacional marca também a conclusão do projeto europeu SPACEINN, que financiou um consórcio internacional de 17 institutos e Universidades, entre elas a Universidade do Porto. A iniciativa SPACEINN teve por objetivo desenvolver as ferramentas e metodologias que permitem reforçar o acesso e exploração científica de dados observacionais, obtidos pelas missões espaciais relevantes para a sismologia de estrelas. Alguns dos novos resultados obtidos serão apresentados e discutidos nos Açores.

Notas
  1. A Asterossismologia é o estudo do interior das estrelas, através da sua atividade sísmica medida à superfície. Em sismologia, os diferentes modos de vibração de um tremor de Terra podem ser usados para estudar o interior da Terra, de forma a obter dados acerca da composição e profundidade das diversas camadas. De uma forma semelhante, as oscilações observadas à superfície de uma estrela também podem ser usadas para inferir dados sobre a estrutura interna e composição da estrela. A Heliossismologia é o caso particular da asterossismologia, aplicada à nossa estrela, o Sol. No caso da nossa estrela, a proximidade permite-nos ir ainda mais longe na análise dos diferentes fenómenos que têm lugar no Sol, mas com impacto em todo o sistema solar.
  2. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (UID/FIS/04434/2013), POPH/FSE e FEDER através do COMPETE 2020.
  3. O TASC (TESS Asteroseismic Science Consortium, ou consórcio científico asterossismico do TESS) é a colaboração científica dos principais grupos de investigação na área, formada para explorar os dados científicos provenientes do satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou satélite de pesquisa de trânsitos exoplanetários), a ser lançado no final de 2017.
  4. O KASC (Kepler Asteroseismic Science Consortium, ou consórcio científico asterossismico do Kepler), é uma colaboração científica única, formada à volta da análise asterossismica dos dados do Kepler. É composta por mais de 500 investigadores de todo o mundo.
  5. O SpaceInn (Exploitation of Space Data for Innovative Helio- and Asteroseismology, ou exploração de dados espaciais para heli- e asterossismologia inovadora) é um projeto europeu iniciado pela rede HELAS, com a missão de aproveitar os recursos existentes no campo da helio- e asterossismologia.
  6. A HELAS (European Helio- and Asteroseismology Network, ou rede europeia de helio- e asterossismologia) foi uma rede financiada pela Comissão Europeia durante o sexto programa quadro, que tinha como objetivo estruturar a investigação europeia, juntando os principais grupos de investigação europeus ativos nesta área. A sua atividade continuou para lá do projeto inicial, e atualmente inclui 24 institutos europeus e fora da Europa.
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